RESENHA - Sorrisos Quebrados - Sofia Silva ♥

12:26



É engraçado, sempre culpamos o amor por tudo. Mas, parando para refletir, o amor não tem culpa de nada. Se passamos a odiar alguém, sofrer, chorar, estiver em um relacionamento abusivo, se prender a algo sem futuro, é por conta de nós mesmos. O comportamento compulsivo e errático do ser humano. O amor é apenas um sentimento puro e inocente, sem culpa da escuridão de sentimentos que insistem em preenchê-lo por puro egoísmo e por não admitirmos que a culpa é de nós mesmos.
Paola morreu, mas a vida lhe deu uma segunda chance para tentar reconstruir cada pedacinho que foi quebrado.
Depois de sair de um relacionamento abusivo com vida – por sorte – Paola decide morar em uma Clínica para conseguir “superar” tudo o que passou. Com os quadros mais lindos que preenchem a clinica e os desenhos que são parte de si, Paola tem uma sensibilidade em demonstrar através das cores, como a ajudou a ver o lado mais bonito das coisas e como elas são sua salvação.
Paola não é bonita, não é atraente e carrega várias cicatrizes de seu passado. Com uma autoestima difícil de recuperar, em um evento de Carnaval da clínica, uma menina que tem problemas em se socializar, chega para ter o rosto pintado por Paola assim como as outras crianças. No começo a menina fica meio receosa, mas depois de ter seu rosto tocado pelos pinceis e a delicadeza de Paola, é como se a conhecesse há anos e isso desperta uma felicidade e um sentimento indescritível que há muito tempo Paola não sentia.
Sol, a criança mais iluminada trás felicidade para Paola todos os dias. Mas, o pai de Sol, André, é muito preocupado com a menina e não confia em mais ninguém para cuidar dela além dele mesmo. André não se deixa intimidar pelas cicatrizes que Paola carrega e sim curiosidade para saber o que aconteceu.
Depois de um tempo, André consegue estabelecer uma confiança em Paola. Por mais que seja por Sol que adora a melhor amiga, André faz um esforço e também quer saber se os demônios de Paola os tormenta tanto quanto os dele.


(LÁGRIMAS, UM MOMENTO)
Nem sei como começar essa resenha. Sofia conseguiu trazer uma história que eu não tenho o hábito de ler, totalmente destruidora, sensível, calorosa, triste. A autora tem uma sensibilidade na escrita, e não podemos negar que é uma escrita poética e maravilhosa.
Nas primeiras páginas, já conseguimos sentir o sofrimento da personagem por estar em um relacionamento abusivo. Mas, é anormal e insano a forma como é narrado. Você lê e não consegue acreditar que aquilo está acontecendo e que alguém é capaz de tanta atrocidade, e sabemos que as pessoas são capazes de coisas muito, muito pior.
Paola é o tipo de personagem quebrada que vai se reconstruindo com o passar da história. Sol é um dos motivos pelo qual Paola decidiu continuar, tanto pela menina quanto por ela mesma. Depois de tudo o que aconteceu, é difícil para ela olhar no espelho e sentir que alguém vai amá-la ou desejá-la. Paola não sabe o que é se sentir amada, não sabe o que é carinho e demonstração de amor ou afeto. E como a personagem é bem destruída, real e... Quebrada, essa é a palavra. É uma personagem que conseguimos ter um contato, pois em algum momento nós já nos sentimos quebrados e destroçados, tentando achar apoio em alguém. Tentando achar alguém para saltar junto.
André, o pai de Sol é um homem quebrado também, que sofreu muito por causa da filha e da ex-mulher. Eu nunca li uma história que me mostrasse o quão deprimente é um personagem masculino, sofri muito lendo os capítulos dele. Você não entende o porquê ele é assim, porque ele não se entrega para nada, até vim à bola de fogo que se choca contra você, sem dó. Nós torcemos pelo personagem e queremos que ele encontre a felicidade e uma maneira de se livrar de tudo aquilo que o perturba. Mas, é difícil, lento e doloroso.

Por mais que o livro tenha 200 e poucas páginas, é uma leitura triste que fazem com que as lágrimas surjam se você menos perceber. A história é intensa, muito intensa mesmo.
É difícil saber que, por causa da sua aparência, pode acabar não conhecendo novas pessoas por estas mesmo se afastarem, sendo que o livro ressalta absurdamente que o que vale mesmo é a beleza interior. Paola é muito sensível e dona de uma meiguice incomparável, é uma personagem que entende o sofrimento de André e nunca, NUNCA joga na cara o que ele deve ou não fazer, o xingando ou o expondo. Ela apenas da tempo ao tempo, e deixa ele se reconstruir sozinho reconhecendo também seus valores.
Mais uma vez vou ressaltar a escrita da autora, é linda. Parabéns Sofia ♥.
Aquele pequeno texto que escrevi no começo, foi por pura inspiração desse livro. Paola diz em um momento que, o amor não tem culpa de nada, e é verdade. Só somos cegos para não enxergar.
Foi um livro lindo e que me fez enxergar mais ainda que o amor verdadeiro existe. Pode demorar a encontrar, ou conseguir ficar com a pessoa, mas se for para ser, vai ser. Por mais quebrado que você esteja, à pessoa vai amar seus caquinhos e ajudá-lo a reconstruir cada buraco que a vida deixou.
 
 Edição: PERFEITA!
Valentina se superou. A Paola na capa é show, e aquarela representa bem a história. Se inclinarmos o livro, vamos conseguir enxergar algo como constelações, estrelas que também tem referência com a história. Diagramação o.k, fonte o.k também. Os capítulos são curtos então da para ler em uma sentada só.
Quote: “- Que o amor dói. O amor não dói. O amor não nos faz sofrer. O amor não nos machuca, não nos amedontra. Amar não provoca lágrimas de tristeza.
- Qual é a verdade nessa mentira? – Meu tom nunca se eleva além de um suspiro fraco de quem descobriu algo na escuridão.
- Quem machuca é a pessoa que amamos. Quem nos faz sofrer é a pessoa que deveria nos proteger e fazer felizes. Que, no amor, as lágrimas deveriam ser sempre de felicidade. Que no amor pela pessoa certa pode ser a experiência mais bela da nossa existência, e por isso não conseguimos defini-la. Não sabemos, porque, quando amamos alguém com tanta intensidade e somos correspondidos, é como perceber que voamos sem asas”.
Nota: 4/5.

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